Paulo Costa Ribeiro teve sua vida científica ligada à PUC-Rio. Inicialmente como estudante do Departamento de Física e, depois do Doutorado em Grenoble, como Professor a partir de 1973, chegando a Professor Emérito. Fazia parte do Grupo de Física da Matéria Condensada Experimental, posteriormente denominado Grupo de Física Aplicada, devido a abrangência de temas tratados por seus pesquisadores. Foi chefe de Grupo por inúmeros períodos. Foi um pesquisador competente e criativo e um excelente amigo, que deixa saudades nas reuniões e nos cafezinhos do Grupo. Era o final da década de 1970 quando iniciou o desenvolvimento de um magnetômetro para medir as correntes iônicas que fazem o coração funcionar, equipamento que foi chamado de Magnetocardiógrafo Supercondutor e era operado com um dispositivo supercondutor de interferência quântica – SQUID. Pouco mais tarde, através de um projeto financiado pela FINEP, três protótipos estavam funcionando: um na PUC-Rio para continuar desenvolvendo a Instrumentação, outro no Instituto do Coração da FMUSP, em colaboração com o Eng. Cândido Pinto de Melo, para uso em pacientes do INCOR e um terceiro no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ, em colaboração com o Prof. Antônio Paes de Carvalho, para experimentos em animais. Neste esforço interdisciplinar, várias dissertações e teses foram orientadas, muitos artigos publicados, e em pouco tempo Paulo colocou o Brasil no mapa do Biomagnetismo, ficando a par e passo com o que se fazia na Europa e nos EUA na época. Durante os procedimentos para calibração do SQUID, Paulo e sua equipe descobriram que o sensor era capaz de detectar a tinta da capa dos livros eventualmente usados como suporte para a bobina de calibração. Essa observação ficou adormecida até que, anos mais tarde, Paulo levou ao laboratório um quadro a óleo de um artista de rua, comprado por ele em uma viagem a Parati. Em seguida ligou para o Prof. João Candido Portinari do Projeto Portinari e para o Prof. Henrique Lins de Barros do CBPF e montou uma equipe para estudar o magnetismo presente nos pigmentos das tintas usadas em obras de arte. Não muito tempo depois publicou o artigo «Magnetic Memory of Oil Paintings». Ao final daquele ano o editor do Journal of Applied Physics informou que aquele tinha sido o artigo com o maior número de downloads no ano e convidou Paulo para fazer um podcast sobre o assunto. A instrumentação de varredura para mapeamento de amostras magnéticas é utilizada até hoje no grupo. Uma lembrança que temos do Paulo era sua paixão por estar na PUC-Rio e em seu laboratório. Isto motivou estudantes e pesquisadores e, ao longo dos anos, foram muitos os conselhos valiosos que fizeram parte da formação acadêmica dos seus alunos e colegas. Foi um privilégio para nós ter conhecido e convivido com ele. Mais que um cientista, Paulo era um humanista e sempre teve a preocupação de fazer ciência para a sociedade.
Antonio Carlos Bruno Jean Pierre von der Weid Jefferson Ferraz D. F. Araujo Sônia R. W. Louro Docentes e Funcionários |
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